9 DE AGOSTO DE 2020
GOLPE DE MESTRE!
Manhã de uma segunda-feira comum no hangar da FAB.
O tenente Arcoverde chamou um subalterno:
-Sargento, telefone para minha casa, chame D. Sívia e
diga que meu avião bateu na cabeceira da pista e que, infelizmente, foi perda total.
Morremos eu e o mecânico.Não esqueça do tom de voz, choroso e compungido.
O sargento ficou tonto de espanto:
-Mas, Senhor, D. Sílvia é sua esposa!
-Faça o que mandei!
Outro oficial que estava ao seu lado estranhou:
-Ó Arcoverde, você ficou maluco?Pense ao menos nos
seus filhos, homem!
-Não me chateie, Santana; venha comigo e participe da festa.
Conto tudo ,no caminho.
No jipe, com o amigo e colega, contou a situação.
Sílvia, bela e jovem mulher, andava insatisfeita com
as constantes viagens do marido, queixava-se de extrema solidão e andava arredia,
monossilábica, sem os arroubos de outrora. Ainda não estava pronta para um
amante-ele tinha certeza- mas, estava certo também que,tal fato,não demoraria a
suceder.
Mulher encantadora, sensual, jovem e fogosa, marida
sempre ausente, distante, eis o panelão onde o diabo cozinha sua sopa.
Balzac já dizia, na sua “Fisiologia do Casamento”, que
os maiores candidatos a corno eram os militares e os caixeiros-viajantes. Ele
não queria correr o risco.
*
Com a cara mais limpa do mundo, Arcoverde chegou em
casa e, claro,como esperava,encontrou o caos; sua mulher, pálida como morta, largada
numa cama, á base de sedativos que uma enfermeira vizinha, aplicava. Os
filhos,na casa de uma tia,que morava na outra rua.Sua mãe e sua sogra,chorando
perdidamente.Vizinhos,o padre da paróquia,seu médico particular e até o gari da
rua,parado,olhando prá o nada,com a vassoura esquecida nas mãos.
Quem passasse na rua, pensava logo:- Aí tem defunto
fresco!
Mal chegou o Lázaro redivivo, foi recebido com festas;
a casa mudou o clima de enterro, acabou, havia risos de alegria, pulos no pescoço,
do nada apareceu uma farta mesa de café, música e alegria.
O padre fez uma oração de agradecimento, a vassoura do
gari começou a varrer, furiosamente, os pássaros cantaram. E tome munição de
estômago e fígado.
Para a esposa aparvalhada, mas, feliz, com suas cores
de volta, ele disse que esta coisa fazia parte do adestramento das famílias.
Todos os presentes, em uníssono, xingaram a FAB, a aviação,
as Forças Armadas, as autoridades e sobrou até para Santos Dumont, inventor do
avião.
Com a esposa, as coisas mudaram da água para o vinho; eram
carinhos esquecidos ou estreados, atenção, café na cama, abraços ternos e
olhares langorosos; nenhuma queixa.
Tudo estava em seu lugar, mas, um ano depois, as
coisas esfriaram, novamente.
E, novamente, o mesmo estratagema foi tentado.
Mas, desta vez, quem compareceu foi o Tenente Santana;
Arcoverde tinha se estatelado na cabeceira da pista, levando junto, é claro, o
seu mecânico.
Dizem que a mulher até hoje, espera o ressuscitado.
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VAMOS FESTEJAR O "DIA DOS PAIS"
CANTINHO DO HUMOR
EM TEMPOS DE PANDEMIA
FALANDO SÉRIO 😈
Estamos completando quase cinco meses em prisão domiciliar.Como vocês estão enfrentando essa pandemia?Este espaço está aberto a vocês.Escrevam e mandem para mim pelomail:miriamdesales@gmail.com.Eu publicarei aqui.
VIAGEM Á VOLTA DA MINHA JANELA
Levanto,faço as coisas corriqueiras e subo para o escritório.Abro as janelas
para a rua deserta no começo da manhã.De longe ,abençoando tudo e todos vejo a
Igreja do Bomfim. Eu ,como boa baiana,o saúdo.Sinto-me uma privilegiada de um
lado protegida pelo Senhor do Bomfim,do outro pela querida Irmã Dulce dos
pobres que conheci e admirei desde muito.Acho que posso dizer que sou uma das
poucas pessoas ,neste mundo que conheceram e foram amigas de santos.
Da minha janela reparo nas casas ainda fechadas, quase ninguém nas ruas - quem
acordaria ás sete da matina num domingo? -Mas,o meu mês agora é todo de
domingos ,daí confundo as coisas.
Minha filha que mora em Dias Dávila pergunta pelo zap se amanhã é São
João.Respondo que não sei ,para mim o santo fogueteiro sempre foi no mês de
Junho.Mas,estão adiando tudo,trocando tudo,antecipando tudo o vasto mundo do
Raimundo do nosso Drummond não está sendo solução,apenas rima.Minha filha fico
devendo a informação.
Mas,a pandemia,uma turista incidental que aqui chegou sem ser chamada,além do
necessário isolamento social que já dura quase três meses nos trouxe ,também,a
preocupação com a economia.Não a do posto Ypiranga ,mas, a nossa.Como estamos
vivendo dias de extremos sequer podemos saber ase o nosso dinheirinho
estará,sim,depositado nas nossas contas em tempo hábil.Nós ,os aposentados por
merecimento estamos com medo de ,como se diz na Bahia,ficarmos de tanga e
chapéu de gazeta,ou seja ,sem nada.
Pensando nisto o jeito mesmo é economizar.O que está ruim pode ficar pior.Com lojas
fechadas não há onde se comprar,pelo menos para mim que não gosto de comprar on
line.
Assim nos restringimos ao estritamente necessário água,luz,telefones,
serviçais,serviços como internet e Netflix.Os jornais que assino e pago chegam
todo dia,mas,a revista Veja que assino e pago ,não.Eles falam das dificuldades
na entrega.Mas,então,como entregam nas bancas e nos supermercados?Acho que
estou recebendo um “passa moleque” da Abril.Aliás,disso eles sempre entenderam
muito bem.
Pessoas aflitas doidas para sair,passear,olhar o mar,ver gente,socializar
perguntam ,inconformadas,por que os mercados e farmácias ,oficinas e postos de
gasolina podem funcionar e as lojas não.Eles alegam que são serviços
essenciais.
Mas,quando me olho no espelho e me vejo com um cabelo maltratado que não corto
a três meses,minhas unhas tratadas em casa ,minhas pernas parecendo pernas de
macaco e minha autoestima lá embaixo ,pergunto onde andará meu cabeleleiro de
mais de dez anos,onde estarão todos?
Assistindo,ontem ,a uma entrevista do Atila Iamarino fiquei desesperançada.Ele
disse que para o mundo voltar á normalidade – isto é -não á normalidade de
ontem,mas,uma nova normalidade,serão necessários cinco anos.Isso se escaparmos
do Covid-19 e não precisarmos enfrentar o Covid-20,21 ou 22.
Quando sair daqui vou rezar de novo a Oração para nos livrar da Peste” que
publiquei anteontem no FB e os portugueses rezam desde tempos imemoriais.Vai
que dá certo.
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